De tempos em tempos não somente minha família Tró-ló-ló entra no frenesi de compras natalinas, mas acredito que todas de tradição católica o fazem. Nem se dão conta do que celebram, a busca é pelo melhor pedaço de bacalhau, do vinho, castanhas, panetone, presentes para a família e nem aí para o que aconteceu de tão marcante para ser celebrado todos os anos.
Na última sexta antes do fatídico natal, uma garrafa do vinho tinto Santa Helena havia sido meu primeiro passo paro o mundo entorpecido e inebriado, tinha me despedido de uns “brancas” lá da empresa e coloquei-me a andar cheia de sacolas pelo Shopping Nova América... um ritual sem muito sentido, entrava e saia das lojas sem muito ânimo para comprar nada. O Santo Dinheiro estava protegido e meus ombros já não agüentavam mais de sair carregando um bando de sacolas e o raio do peru de natal.
Após ter desistido da jornada insana no shopping, estava completamente inebriada e assistindo X-files como se fosse a primeira vez. Revivendo cada episódio, foi quando a Dna Tró-ló-ló meio que em pânico ao perceber que o peru que ela havia comprado estava estranho, como única bióloga residente no local, fui consultada para avaliar o estado da ave. Nada pude diagnosticar, tudo lacrado e não tinha indícios conclusivos sobre seu estado. Animada, colocou a ave para descongelar, sem abrir a embalagem... santa embalagem!!!!
Em pleno sábado, completamente empenada, o vinho pegaaaaaaaaaaa! Fui desperta por uma ligação de consulta sobre direitos do consumidor... nem raciocinava direito, levei uns 40 min para despertar e retornar com meu parecer técnico, vou ficar especialista neste assunto... consumidores desatentos e vendedores tagarelas, tem sempre alguém que na maioria das vezes é o consumidor levando gato por lebre... neste caso havia sido um celular gato... A consulta findava e a tarde já ganhava espaço, meu desjejum estava mais para lanchinho da tarde quando sou novamente consultada sobre o aspecto da embalagem do peru.
Putz, não se pode comer nada em silêncio as vésperas de Natal. Lá estava, toda torta, com um gosto amargo na boca e olhando para uma embalagem que mais parecia o bonequinho da Michelin de tão inflado que estava o troço... oops o peru!
Dna Tró-ló-ló já ia abrindo a embalagem quando a gritos impeço-a, ia ser um estrondo ou uma explosão seguida de um cheiro pútrido... e tome de ligar para o SAC do fabricante... véspera de Natal o povo estava em férias coletivas, guardar a ave até ela ficar mais decomposta dentro de casa... estava fora de cogitação, foi quando tive a brilhante idéia de ligar par ao SAC do mercado, na mesma hora fui orientada a levar a ave estragada para o mercado, como uma tentativa de conseguir uma troca. Por mim, jogava tudo fora, mas Dna Tró-ló-ló estava nervosa, pois a ceia teria de estar perfeita, a namoradinha enxaqueca de meu irmão estaria presente... aiaiaiaiai cheguei a mencionar o outro peru que havia passeado comigo no Nova América, mas ela estava irredutível queria um outro e não aceitava a substituições. Lá fui eu, para o super-mercado com a ave, que a medida que perdia temperatura, ou seja, ganhava mais calor, mais fedia...
No SAC, uma fila de roer os dedos, até para quem usa aparelhos... todos enlouquecidos, foi quando tive a brilhante idéia de fazer o povo trabalhar mais rápido, coloquei bem no balcão de frente para as atendentes a ave, o peru como mágica, transformara as atendentes em criaturas frenéticas para atender todos o mais rápido possível, pensavam se tratar de alguém com dor de barriga na fila... que nada era só o peru!
Fui atendida com presteza, ninguém questionara nada, todos queriam se ver livres da ave, recebi um cupom e lá fui novamente em busca de uma ave para a ceia, nos últimos minutos de prorrogação não tinha muito o que se escolher, acabei trazendo um idêntico ao que passeara no Shopping no dia anterior, mesmo tamanho! 100 comentários. Uma fila doente de grande, perdi meu sábado inteiro no supermercado por conta de um peru. A noite caiu e me vi obrigada a entrar em estado ébrio novamente. Natal, peru, tudo é motivo para um bom vinho chileno.
Bom, fica a dica, por mais que as coisas pareçam estragadas, não questione, ligue para o SAC, quem sabe resolve????
Quanto ao Peppe, cedeu seu espaço neste post em prol do Peru.
Através de estudos científicos empíricos, descobri a melhor maneira de se evitar aborrecimentos e os famosos "gaps" em um diálogo. É bem fácil, basta levantar o cartão do SIM para as coisas que nos agradam ou levantar o cartão do NÃO para as coisas que não nos agradam. O mundo seria mais feliz com certeza se todos fossem adptos a essa comunicação visual. Aposto que hoje se a população do Rio de Janeiro fosse mostrar a sua opnião crítica sobre o governo da Rosinha... teríamos um mar vermelho.
verdadeiros. Nos falta isso, clareza em nossa linguagem, sempre colocamos o interlocutor na posição da dúvida, da suposta interpretação do que é de nosso agrado ou não. Sempre ficamos a pisar em ovos e no final somos pegos de supetão, pois os sinais nunca foram claros o suficiente para sabermos qual era a direção a ser tomada.
